quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Os sofrimentos do Jovem Werther-Maio,4

Alegre, eu, por haver partido! Meu caro amigo, que é então o coração humano? Separar-me de você, que tanto estimo, você, de quem eu era inseparável, e andar contente! Mas eu sei que me há de perdoar. Longe de você, todas as minhas relações não parecem expressamente escolhidas pelo destino para atormentar um coração como o meu? Pobre Leonor! E, no entanto, eu não sou culpado. Cabe-me alguma culpa se, procurando distrair-me com as suas faceirices, a paixão nasceu no coração da sua irmã? Entretanto... serei eu inteiramente irrepreensível? Não procurei alimentar os seus sentimentos? Eu mesmo não me divertia com o seu modo inocente e sincero de expressá-los, que tantas vezes nos fez rir, quando na verdade não havia motivos para riso? Não... Que é o homem, para ousar lamentar-se a respeito de si mesmo? Meu amigo, prometo emendar-me. Não mais, como foi sempre meu costume, repisarei os aborrecimentos miúdos que a sorte nos reserva. Quero fruir o presente e considerar o passado como o passado. Você tem razão: os homens sofreriam menos se não se aplicassem tanto (e Deus sabe por que eles são assim!) a invocar os males idos e vividos, em vez de esforçar-se por tornar suportável um presente medíocre.

Tenha a bondade de dizer à minha mãe que me ocuparei, da melhor forma possível, do negócio de que ela me incumbiu e mandarei notícias dentro em breve. Avistei-me com minha tia; não a achei tão má como a pintam em nossa casa. É uma mulher vivaz, arrebatada, mas de excelente coração. Expus-lhe os prejuízos causados à minha mãe pela retenção da parte que lhe cabe na herança; minha tia contou-me os motivos, dizendo-me as condições mediante as quais está disposta a enviar-nos tudo quanto reclamamos, e até mais alguma coisa. A respeito, é o que há por hoje; fale à minha mãe que tudo se arranjará. Esse pequeno caso, meu amigo, demonstrou-me, ainda uma vez, que os mal-entendidos e a indolência talvez produzam mais discórdias no mundo do que a duplicidade e a maldade; pelo menos, estas duas últimas são mais raras.
Quanto ao resto, sinto-me aqui perfeitamente bem. A solidão, neste verdadeiro paraíso, é um bálsamo para o meu coração sempre fremente, que transborda ao calor exuberante da primavera. Cada árvore, cada jardim forma um tufo de flores, e a gente têm vontade de transformar-se em abelha para flutuar neste oceano de perfumes e deles fazer o único alimento.
A vila, em si mesma, é pouco agradável, mas em compensação os arredores oferecem belezas naturais indescritíveis. Foi o que decidiu o finado Conde de M... a construir seu jardim sobre uma das colinas, que se entrecruzam de modo variado e encantador, formando encostas e vales deliciosos. O jardim é simples; aí penetrando, sente-se logo que não foi um hábil jardineiro quem lhe traçou o plano, mas um coração sensível, desejoso de concentrar-se em si mesmo naquele recanto. Já consagrei mais de uma lágrima à memória do conde, no pequeno pavilhão em ruínas, seu retiro predileto, e que é também o meu. Dentro em pouco serei o dono do jardim. O jardineiro, nestes poucos dias, já se fez meu amigo e não há de arrepender-se.


2 comentários:

  1. Nossa amei o texto...muito bom mesmo...e ai moça como estais...nossa seu cantinho é muito lindo... nossa seu tema acima é muito muito lindo mesmo linda foto queria poder estar em um lugar assim...

    Bjs...

    P.S. O Amor é agir com o coração...

    Sinceramente: O Garoto do Blog.

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  2. Sim moça acredite mesmo que não tiver nenhum comentario meu por aqui é porque não tive muito tempo mais saiba que venho sempre prestigiar seu adoravel cantinho ta estarei sempre por aqui...sempre.

    Bjs em seu lindo comração...

    Sinceramente: O Garoto do Blog

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